Revista de Informatica Medica
Vol. 1 No. 2 Mar/Abr 1998

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Multimídia na Internet

Alexandre Moreno Castellani

O oferecimento de multimídia interativa através da World Wide Web tem muitas limitações, a começar do desempenho (basta comparar um site da Internet, com som, animações gráficas e vídeo, com um CD-ROM com os mesmos recursos. O meio mais comum de proporcionar imagens em movimento em páginas da Web é usando o formato gráfico denominado GIF animado (veja o Glossário na página para entender os termos técnicos deste artigo). Exemplos de imagens desse tipo podem ser vistos por toda parte, como uma cartinha entrando dentro de um envelope, para assinalar o endereço de email de uma página. No entanto, é uma maneira ineficiente de uma página ganhar movimento, principalmente para figuras muito grandes. Outro problema é que uma GIF animada não pode ser interativa (por exemplo, acontecer alguma coisa quando se clica o mouse sobre ela).

Outro problema da Internet é adicionar clipes sonoros e musicais de forma fácil. O browser (Netscape ou Internet Explorer) normalmente reconhece somente os formatos sonoros (arquivos de som digitalizado) sintéticos (como o MIDI, mas de baixa qualidade sonora) ou muito grandes (os arquivos do tipo WAV, AU e AIFF). A razão é que eles são pouco "comprimidos", ou seja, não usam técnicas muito eficientes para reduzir o seu tamanho, e portanto abreviar seu tempo de transmissão pela Internet. O problema do tamanho ocorre de forma mais grave ainda com os clipes de vídeo. Os padrões de arquivos nessa área, chamados MPEG e AVI (este último do próprio Windows) geram arquivos geralmente muito grandes, de centenas de milhares de bytes, ou muitos megabytes, que é necessário esperar que eles baixem totalmente antes de começar a exibí-los.

Adicione-se a tudo isso os requisitos de interatividade com a mesma facilidade de um CD-ROM (e que hoje em dia podem ser implementados com linguagens do tipo Java, JavaScript, ActiveX, etc.), e a multimídia fica realmente difícil de se fazer. Para você entrar em uma página com esses recursos tem que ter o browser do momento (Netscape ou Internet Explorer), descarregar um programa auxiliar (plug-in) de 800 Kb (o "Crescendo" por exemplo) e ter uma paciência enorme enquanto esperava pelo "start Java" de seu browser.

Mas tudo isso começou a mudar para melhor quando surgiu o ShockWave Director, um plug-in único para multimídia via Internet, desenvolvido por uma empresa americana chamada Macromedia. Esta empresa é uma das três maiores produtoras de ferramentas de software para elaboração de projetos multimídia, como o Macromedia Director, muito usado no campo editorial de CD-ROMs. O ShockWave Director permite que uma página Web tenha acesso a um multimídia desenvolvido em Director, o que era uma grande vantagem, evidentemente. Foi um grande sucesso (em 1997 foram distribuidos gratuitamente através da Internet cerca de 14 milhões de cópias, à razao de 190.000 descarregamentos por dia).

Exemplo de um programa tutorial sobre tomografia PET, usando o plug-in Shockwave Director
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Posteriormente, surgiu o ShockWave Flash, elaborado pela mesma empresa. Ele logo se tornou um espetacular sucesso, pois integra animação gráfica, som e interatividade sem sofrimentos, permitindo o desenvolvimento de sites com recursos que o HTML sozinho simplesmente não conseque dar. O plug-in para o seu Netscape ou Internet Explorer é ainda necessário, mas ele é pequeno: desta vez apenas 192 Kb terão que ser descarregados.

Inventado por uma empresa chamada Future Wave Technologies, no começo o Flash chamava-se Future Splash. No início de 1997, a Macromedia, uma grande empresa de software, conhecida pelos seus produtos de desenvolvinento de multimídia, comprou a Future Wave e adicionou vários recursos multimídia para trabalhar com imagens, áudio sincronizado, botões interativos, e outras coisas; e batizou-o de Flash. Hoje na versão 2.0, é uma ferramenta de autoria multimídia única e sem similar, e já conquistou os computadores de quase cinco mil usuários só no Brasil. No mundo todo foram distribuidos cerca de 23 milhões de cópias em 1997. Tanto o Director quanto o Flash são compatíveis com o Netscape versões 2, 3 e 4 e o Internet Explorer 3 e 4.

A melhor maneira de explicar o que realmente o Flash faz é mostrando o Flash.. Além de tudo ele é muito eficiente. Uma animação gráfica de pouco mais de 5 minutos não tem mais de 500 Kb. O usuário mal percebe o descarregamento, pois ele já vai visualizando à medida que descarrega através da Internet. Um bom exemplo na área médica pode ser visto em uma animação interativa desenvolvida pela empresa farmacêutica Roche, que ilustra o ciclo de vida do vírus HIV e como as drogas reagem com ele (http://www.roche -hiv.com/lifecycle/flash). São múltiplas as possibilidades de utilização, dando vida à Internet.

Multimídia educacional da Roche em Medicina usando o Flash
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Trabalhando com o Flash

Ao contrario do que se imagina, trabalhar com Flash não é uma tarefa difícil. Assim como muitos programas de ilustração e criação gráficas, como o Ilustrator, Freehand ou CorelDraw, o Flash também trabalha com imagens vetoriais, onde complexas equações matemáticas definem cada reta ou curva de seu desenho. A vantagem disso? Seu desenho ou animação poderá ser visualizado em qualquer resolução sem perda de qualidade! A mesma animação que você faz para uma resolução de vídeo de 640x480 poderá ser usada em 800x600; o mesmo resultado não pode ser obtido com uma imagem .JPG por exemplo. Outra vantagem das imagens vetoriais está no número de bytes que elas ocupam. Por isso os arquivos do Flash são tão pequenos quando comparados aos formatos de imagens comuns na Internet (gif ou jpg).

Mas o Flash também trabalha muito bem com imagens não vetoriais. Tem a capacidade de importar uma série de formatos gráficos, dentre os quais os populares bmp, gif e jpg. E não só de imagens vive o Flash... ele também trabalha com arquivos de som nos formatos .wav (Windows) e .aiff (Macintosh). Isso sem falar da parceria que a Macromedia fez com a RealMedia, a criadora do famoso RealAudio, criando o RealFlash (http://www.realaudio.com)

E as animações, como funcionam? O conceito é basicamente o mesmo de uma "gif animada" ou de um desenho animado (aqueles que passam na Cartoon Network). Vários quadros (frames) se sucedem a uma certa velocidade dando a impressão de movimento.

O primeiro passo para começar sua animação é "baixar" a versão de teste do Flash no site da Macromedia Flash. Está versão dura 30 dias, tempo suficiente para você aprender o básico. Aliás, esta versão acompanha um excelente tutorial, que apesar de não esgotar o assunto, lhe dá condições de fazer animações de alta qualidade e até um bom nível de complexidade. Além do tutorial que acompanha o Flash a Internet lhe oferece outras fontes de informação. Os melhores locais para se encontrar informações sobre o Flash, e outros produtos da Macromedia, em português são:

Macromedia Brasil - site oficial da Macromedia no Brasil. http://www. macromedia.com.br

Macromedia Flash - site oficial do Macromedia Flash no Brasil: http://www.flash-brasil.com.br/

Grupo de Discussão Flash Brasil: subscribe flash brasil, majordomo@get-all.com.br. Em inglês podemos encontrar, entre outros:

Flash Central - Outro grupo de usuários do Flash, só que este é em inglês. http://flashcentral.com

Macromedia Flash: site oficial da empresa nos EUA: http://www.macromedia.com

Flash 2 Technical Notes: http://www.macromedia.com/flash/support/dosctuff/edocs/edocs.html

As informações encontradas nestes sites praticamente esgotam o assunto. Agora, caso você esteja atrás de uma literatura impressa, já existem dois livros (em inglês) publicados sobre este assunto: "Flash: Creating Animation for the Web" e "The Flash 2 Web Animation Book".

Nesta nova "Era Interativa" que a WWW vive, o Flash veio para ficar!

O Autor

Alexandre Moreno Castellani é webdesigner e webmaster do Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP.

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© 1998 Renato M.E. Sabbatini
Núcleo de Informática Biomédica
Universidade Estadual de Campinas
Campinas, Brasil

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