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Educação em Informática em SaúdeStefan Schulz e Rüdiger KlarCom a crescente utilização de computadores em saúde, tornou-se crítica, na maioria dos países, a adoção de programas educacionais específicos, dirigidos tanto à formação de profissionais nesta área, em vários níveis, quanto ao treinamento dos estudantes e profissionais de saúde nas novas tecnologias de informação e suas aplicações. Na Europa, esta preocupação existe desde a década dos 70, quando se iniciaram os primeiros cursos voltados aos setores acima mencionados. Mais recentemente, os esforços do continente têm sido orientados por recomendações e projetos especiais. Assim, segundo a Recomendação do Comitê de Ministros da União Européia sobre as estratégias de treinamento para sistemas de informação em Saúde (feita em 1990), os sistemas de Informação em Saúde (SIS) são essenciais no processo de tomada de decisões racionais no setor da Saúde e ao melhoramento do nível de compreensão prática e teórica do pessoal envolvido. O Comitê recomendou a criação de maior número de centros de treinamento em informática em Saúde, especialmente nos países deficitários neste aspecto, bem como a cooperação a nível europeu e internacional. Neste artigo pretendemos dar uma idéia panorâmica sobre o histórico, a filosofia e os projetos atuais de educação em informática médica na Europa, em geral, com alguns exemplos na Alemanha, em particular, com o intuito de dar subsídios a todos os interessados em implementar programas desse tipo no Brasil. Esta apresentação foi feita pelo primeiro autor durante o VIII Curso de Capacitação Docente de Informática em Saúde, realizado pelo Núcleo de Informática Biomédica da Universidade Estadual de Campinas em Recife, janeiro de 1997. Usuários e ObjetivosOs projetos educacionais em Informática em Saúde têm como alvo todos os profissionais que produzem, coletam, fornecem e analizam informação, tais como gerentes, planejadores, coordenadores, administradores de hospitais etc. Também se destinam a profissionais da área assistencial, educação e pesquisa, tais como médicos, enfermeiros e outros, pesquisadores, etc. Finalmente, há necessidade de formação específica até mesmo para os gerentes de sistemas de informação, especialistas em computação e estatística.Os diferentes cursos têm como objetivo
expandir, complementar e melhorar os conhecimentos dos usuários
sobre diferentes aspectos do uso de tecnologias digitais de informação
na saúde, tais como:
Programas DiversificadosA educação e o treinamento em Informática em Saúde pode ocorrer em muitos locais e de muitas formas diferentes, mas sempre devem envolver alguma forma de cooperação entre os profissionais das várias áreas. Assim, é importante realizar treinamento multidisciplinar (incluindo aspectos da saúde, da informática, das ciências da informação, etc.), o treinamento em serviço (aprendendo no trabalho), e o treinamento nas escolas (medicina, enfermagem, etc). É especialmente recomendável criar-se unidades especializadas para educação e pesquisa em informática em Saúde nas várias instituições onde se pretende implementar os programas, e ter centros de referência e de excelência em informática em saúde em vários pontos do país. Muitos desses centros se encarregarão de montar programas formativos mais extensos, atribuido títulos de qualificação formal, tais como mestrado, doutorado, especialização, etc. Devido ao seu envolvimento com as soluções existentes no mercado, é essencial a cooperação com a indústria, bem como a cooperação internacional, para troca de experiências.Na Europa, deu-se início, há alguns anos, a um extenso e abrangente programa de educação e treinamento em Informática em Saúde, financiado pela Comunidade, denominado EDUCTRA (Education and Training of Health Informatics in Europe). Trata-se de uma ação conjunta) para realizar os objetivos esboçados pelo Comitê dos Ministros. 1993-1994, o qual foi posteriormente renovado. O projeto IT EDUCTRA tem como metas:
A situação na Europa Uma análise sobre os conhecimentos em tecnologia de informação na área da saúde foi feito em 12 países europeus em 1993. No que pese o grande desenvolvimento de alguns países, notou-se uma desinformação dos profissionais de saúde quanto às possibilidades e limitações dos cursos existentes. A maioria deles era direcionado para treinamento no uso de um sistema específico de informatização hospitalar, sem oferecer conhecimentos gerais. Os SIH normalmente eram limitados a aplicações financeiras e administrativas, e os sistemas departamentais eram geralmente isolados. Outra deficiência foi o fato de que os médicos dos hospitais geralmente trabalhavam com PCs sem conexão com o SIH, e utilizavam esses recursos mais para o processamento de textos, elaboração de gráficos, etc., do que para tarefas apoiadas pela automação hospitalar. Quanto à situação da educação em Informática em Saúde, a maioria das escolas de medicina oferece aulas (geralmente teóricas e opcionais) em informática em Saúde aos seus estudantes. Existem departamentos, institutos e cátedras de informática médica em alguns países, sendo os pioneiros nesse sentido a Alemanha e Holanda. A informática médica é uma especialidade médica na França. Em alguns paises há aulas de introdução ao uso do computador, mas não especificamente sobre informática em Saúde (são os cursos denominados de "alfabetização em computação"). Em geral, pouco ou nenhum ensino de informática em Saúde é praticado nas escolas de enfermagem. Os Níveis de FormaçãoO modelo genérico de educação em informática em saúde adotado na Europa procura introduzir o treinamento e a formação em diversos níveis. A formação de especialistas pode ocorrer nos seguintes níveis:
Documentação Médica: Como um exemplo bem-sucedido de formação em nível técnico, diversas universidades alemãs introduziram os cursos de Documentação Médica, com duração de três anos. O objetivo é formar profissionais de suporte, que se responsabilizam pela operação dos sistemas de documentação informatizada das instituições nas áreas da saúde (hospitais, institutos de pesquisa, indústrias farmacêuticas, bibliotecas, etc.), ou seja, o chamado "arquivista médico". Os candidatos devem ter segundo grau completo ou terem cursado escola profissionalizante. Os programas são subsídiados pelo Ministério do Trabalho, através de bolsas de estudo. O conteúdo do curso engloba fundamentos de informática, aulas práticas de programação (Visual Basic), bancos de dados (MS Access), processamento de textos (Word), planilha de cálculo (Excel), matemática, estatística, anatomia, fisiologia, clínica, saúde pública, documentação de literatura, sistemas de codificação, economia e organização e inglês. Graduação em Informática Médica: a Alemanha foi o primeiro país a ter a Informática Médica ensinada em nível de graduação, e a regulamentar essa profissão, na década dos 70. Diversas universidades, como a de Heidelberg, Freiburg, etc., montaram cursos desse tipo. Vinte anos depois, tinham sido formados 600 profissionais, a maioria dos quais prosseguia atuando na área. O curso dura 4,5 anos e ensina informática médica como uma disciplina médica e científica. Seu objetivo é a formação de especialistas em Informática Medica para trabalhar em hospitais, indústrias, orgãos públicos, pesquisa etc. O conteúdo do curso é muito forte e bem organizado, abrangendo matemática, informática, fundamentos de medicina, biometria, economia e organização, processamento de sinais biológicos e imagens, construção de modelos, processamento de informação e sistemas baseados em conhecimento. PadronizaçãoO sistema educacional da Alemanha sempre se caracterizou por uma constante busca pela padronização e por níveis mínimos de qualidade. Assim, tem surgido diversas normas para currículos, que tem sido adotadas em nível europeu. A Sociedade Alemã de Informática Médica, Biometria e Epidemiologia (GMDS) propôs dois currículos diferentes a serem oferecidos para graduandos em Informática (na forma de uma especialização em aplicações em medicina) e para graduandos em medicina (aulas de informática, de preferência informática prática). Em comum, os currículos têm informática médica, biometria médica, economia, em três semestres de estudo, com um semestre para preparo de tese.Foi produzido um Catálogo Oficial
da Matéria de Informática Médica para Estudantes de
Medicina na Alemanha, que lista com detalhes os conhecimentos que devem
ser adquiridos sobre:
Outra atividade educacional é realizada
no Centro de Treinamento para Funcionários do Hospital Universitário
de Freiburg. Nela, ensinamos os funcionários a utilizar as funções
básicas do microcomputador, DOS, Windows 95, WinWord, WordPerfect,
Excel, Access, PowerPoint (cursos para noviços, avançados
e experts), correio eletrônico, bem como o uso de programas aplicativos
do SIH de Freiburg: admissão/alta, pedidos de medicamentos e materiais,
arquivo médico, aplicações administrativas e financeiras
(contabilidade, gestão de ativos, gestão da manutenção,
recursos humanos etc.)
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Os AutoresOs autores são professores do Instituto de Informática Médicada Universidade de Freiburg, Alemanha |
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