Informática e a profissão médica


Renato M.E. Sabbatini

Editor Científicorenato@sabbatini.com
Revista Informédica, 2(9): 4, 1994.


Estando ocorrendo transformações importantes na profissão médica. Uma delas é o reconhecimento, que começa a penetrar a consciência dos educadores médicos de todo o mundo, que a partir de um determinado momento no futuro, não poderá haver mais um único profissional denominado médico, que possa prestar legalmente assistência em todas as áreas da Medicina. Isso já acontece, por exemplo, na engenharia. Alguém imaginaria, por exemplo, autorizar um engenheiro químico a construir viadutos ? Ou um engenheiro civil projetar chips de computadores ? Isso é tão lógico, que a maioria das pessoas nem pensa mais em outra possibilidade. Porquê, então, permitir que um oftalmologista realize transplantes cardíacos ? É óbvio que esse é um caso extremo, pois o próprio profissional não "se meteria a besta", em virtude dos riscos corridos. Entretanto, não haveria nenhum empecilho legal para isso, de antemão, e todos nós conhecemos muitos casos de médicos sem titulação ou formação adequadas, que se declaram simplesmente "especialistas" em alguma coisa, bastando para isso pendurar uma tabuleta na frente do consultório.

Outra coisa: qual a razão para um médico receber uma autorização para clinicar, que vale para toda a sua vida, se até carteira de motorista tem que ser renovada periodicamente ? O problema do credenciamento profissional em Medicina no Brasil precisa passar por uma séria e profunda reestruturação, como já está acontecendo em muitos países. E a Informática virá em socorro daqueles que pretendem modificar esse cenário para melhor. Por exemplo, nos EUA, o National Board of Medical Examiners, a entidade legal que certifica e credencia diplomados em Medicina em todas as especialidades, reconhece diplomas, etc., já está utilizando, há um certo tempo, computadores para realizar os exames de qualificação. Um programa especial simula casos clínicos de pacientes na especialidade escolhida, e o candidato(a) tem que resolver esse caso, indicando o diagnóstico e a conduta. O computador avalia automaticamente o desempenho de resolução de problemas clínicos e atribui notas para cada etapa do processo. O NBME deseja ter cerca de 4.000 casos clínicos armazenados, que serão então sorteados pelo próprio computador.

Com isso, torna-se extremamente importante a reciclagem profissional do médico, que precisa estudar toda a vida e manter-se atualizado para renovar sua "carteirinha de médico". Também nos EUA, existem diversas firmas que oferecem cursos computadorizados de educação médica continuada e simulações clínicas, que valem pontos para promoções e recredenciamento (DiscoTest, RDX, CyberLog, entre outros).


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