Derrubando as Torres de Marfim


Renato M.E. Sabbatini

Editor Científicorenato@sabbatini.com
Revista Informédica, 1(2): 4, 1993.


Que o Brasil está ainda muito atrasado no uso da Informática nos consultórios e hospitais, já sabemos. Que muitos médicos têm vontade de aprender a utilizar o computador em suas atividades profissionais, também. Que estes colegas deparam com enormes dificuldades quando desejam perseguir esse objetivo, é coisa que todo mundo sabe. É o caso, então, de perguntarmos: porque a coisa não deslancha ?

Competência nacional não falta. Em termos de pesquisa acadêmica e desenvolvimento de aplicações avançadas, o nosso país vai até que bem, obrigado. Por exemplo: no último Congresso Mundial de Informática Médica, realizado em Genebra, Suiça, os pesquisadores brasileiros na área apresentaram 17 trabalhos, que antes de serem aceitos passaram por uma rigorosa seleção. No ranking mundial, ficamos em honroso nono lugar, logo abaixo da Itália e empatados com a China e o Canadá ! Desde o ano de sua fundação, em novembro de 1986, a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) tem dado provas deste vigor, através de seus três congressos nacionais, durante os quais foram publicados mais de 350 trabalhos e revelados quase 1.000 autores. Alguns centros brasileiros de ponta estão desenvolvendo projetos de Inteligência Artificial, Redes Neurais, Hipermídia e outras sofisticações à altura do que se faz de melhor nos paises mais desenvolvidos. O problema é que esses conhecimentos fabulosos, e de utilidade potencial tão grande para a Medicina brasileira, não estão sendo passados ao usuário final com a agilidade necessária. É uma questão de origens complexas, que vão desde o "complexo de torre de marfim", que caracteriza nossas instituições universitárias (com raras exceções), até o desconhecimento quase que total, por parte do médico, do que se faz e quanto se faz em nossa terra, nessa área.

Está na ordem do dia, portanto, uma maior troca de informações e um processo maior de ajuda dos pesquisadores e docentes brasileiros da Informática Médica, aos usuários finais, ou seja, os médicos a que me referí no primeiro parágrafo deste editorial, e aos quais a revista Inform&eeacute;dica é dedicada. As propostas em debate vão desde a abertura dos cursos e congressos da SBIS a todos os usuários interessados, até a criação de serviços informativos via telefone, fax ou correio eletrônico (Embratel, por exemplo) abertos a todos os colegas que necessitam de informações sobre software, hardware, cursos, consultoria, etc. Escrevam para a Revista, com suas sugestões.


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