Revista de Informatica Medica
Vol. 2 No. 3 Mai/Jun 1999
 
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Ant Prox 

Editorial  

A Bioinformática Chegou

0Nos últimos anos, as seções de oferta de empregos das revistas científicas médicas e biológicas estão lotadas de anúncios à procura de um profissional ainda pouco conhecido pela maioria das pessoas: o especialista em bioinformática. Muito valorizada pela grande demanda e pelo ainda pequeno número de pessoas capazes de preenchê-la, esta novissima profissão é procurada por universidades, empresas farmacêuticas e de informática, instituto de pesquisas privados e do governo. Os salários iniciais são altos, e um especialista com muitos anos de experiência pode ganhar muito dinheiro, particularmente nos grandes laboratórios multinacionais.  

E o que é bioinformática? É uma ciência interdisciplinar que tem como objetivo desenvolver e aplicar técnicas computacionais no estudo da genética, da biologia molecular e da bioquímica. Entre outras coisas, o bioinformata tem o conhecimento essencial para a construção e a análise das bases de dados genômicas e de proteínas, a descoberta de novos genes, de novas moléculas de atividade terapêutica, e de muitas outras aplicações de alta tecnologia. O verdadeiro oceano de dados que está sendo gerado por projetos como o Genoma Humano, e a expansão no setor de biotecnologia médica, são os principais responsáveis por esta explosão na demanda por bioinformatas. Existem hoje grandes repositórios de dados genéticos e bioquímicos, como o GenBank (que contém todas as seqüências de DNA conhecidas até hoje e que ocupa o equivalente a mais de 100 CD-ROMs).  

Onde encontrar um bioinformata, ou como formá-lo? Ë bastante difícil. Geralmente é um biólogo ou médico que tem altos conhecimentos de informática, genética e bioquímica. Quase não existem cursos formais, a maioria é autodidata. Antes de tudo, é preciso ter uma cabeça interdisciplinar, ser polímata (ter múltiplos talentos, tais como matemática, estatística, computação, instrumentação e bioengenharia, genética, biologia, etc.) e ter gosto por trabalhar em equipes multidisciplinares.  

O Brasil também se ressente da falta de profissionais desse tipo, pois já estejamos embarcados em projetos genômicos grandes e multi-institucionais, como o Genoma da Xylella e o Projeto Genoma e Câncer, ambos da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). A universidade precisa urgentemente se movimentar para formar esse profissional crucial para a medicina do próximo século. No exterior (como na Baylor University, no Texas), já existem até cursos em nível de graduação sobre bioinformática. E aqui? Tirando uns poucos centros, como o da UNICAMP, estamos ainda no começo. 
 
 

Topo  Renato M.E. Sabbatini 
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© 1999 Renato M.E. Sabbatini
Núcleo de Informática Biomédica 
Universidade Estadual de Campinas 
Campinas, Brasil
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