|
Informatizando o Consultório MédicoRenato M.E. SabbatiniHoje, mais do que nunca, os médicos estão sentindo uma enorme pressão e urgência no sentido de informatizar seus consultórios e clínicas. O enorme tempo gasto com as atividades administrativas, documentais e financeiras, e a necessidade de racionalizar e cortar custos de pessoal se somam ao interesse médico de ter os seus prontuários bem organizados, legíveis e fáceis de achar. Além disso, o médico começa a se sentir tecnica e profissionalmente ultrapassado ao adiar a informatização, quando todos os colegas já estão entrando nessa, e até os pacientes perguntam porque ele não tem computador aindaO computador, que antes parecia inacessível em custo, e difícil de dominar, já não assusta tanto o médico. A queda vertical nos preços (hoje se compra um ótimo computador, com velocidade e espaço em disco suficiente para clinicas de qualquer tamanho, por menos de 1.200 reais), aliada à programas (softwares) baseados em Windows, cada vez mais fáceis de usar, até mesmo por pessoas sem afinidade especial pela Informática, abriram o caminho. Fica difícil imaginar razões porque não informatizar, se ela traz tantas vantagens. Além disso, o apelo da Internet, com seu gigantesco acervo de informação, acesso gratuito à Medline para pesquisas bibliográficas, correio eletrônico, revistas médicas on-line, e até a possibilidade de colocar a home-page de sua clínica na Web, é uma facilidade a mais à qual os médicos não estão conseguindo resistir.
Dois tipos de cadastros computadorizados de pacientes. Acima: sistema baseeado em banco de dados MS Access. Abaixo: Sistema baseado em WWW |
|
DificuldadesUma vez tomada a decisão de informatizar, no entanto, a esmagadora maioria dos médicos encontra sérios obstáculos para sua implementação prática e rápida. As decisões e as mudanças envolvidas na conversão de um consultório baseado em papel a um baseado no computador, são muitas, e difíceis, principalmente para quem não tem muito conhecimento técnico. Alguns fatores importantes que precisam ser vencidos são:
Outro problema é que normalmente já existe uma grande quantidade de dados (principalmente sobre os pacientes), que estão em forma não sistematica e heterogênea. Existem algumas dificuldades externas também. A principal delas é que os programas comercialmente disponiveis são inflexiveis e pouco práticos. A alternativa à compra de pacotes prontos, que é o desenvolvimento próprio de software, é muito longo, custoso e frequentemente não chega a bom êxito. Tudo isso se soma em um só medo: o de errar, de gastar tempo e dinheiro demais e não ter resultados práticos. Esse medo tem impedido que muitos médicos tenham a coragem de dar o primeiro passo e partir para a informatização. Mas nenhum desses obstáculos é intransponível, e existe solução para tudo. Neste artigo damos alguns conselhos práticos e orientações úteis, baseados em nossa experiência de 18 anos na informatização de clínicas e consultórios. No final do artigo, damos uma lista dos principais fornecedores de software de informatização de consultórios no pais que têm informações disponíveis na Internet, para que você possa acessá-los e fazer uma comparação entre os parâmetros discutidos aqui. |
||
Decida o que informatizarMuitas vezes o médico tem uma idéia muito vaga do que o computador pode fazer em seu consultório. Portanto, o primeiro passo é aprender quais são os programas aplicativos, e que funções do consultório podem ser informatizados. Nessa fase, são recomendáveis duas coisas: primeiro, visite a clínica de um colega que já informatizou com sucesso, e peça para ele mostrar todos os módulos e o que eles fazem. Discuta com ele as principais dificuldades encontradas, como ele as resolveu, e quais foram os beneficios observados em cada função informatizada.Segundo, faça uma análise de sua clínica e procure identificar todos os problemas que estão sendo causados pelo mau fluxo de informação, gerenciamento administrativo, manejo de dados dos pacientes, etc. Procure, também, ter uma idéia quantitativa, nem que for aproximada, do volume de informação em sua clínica: quantos pacientes existem em prontuário; destes, qual é a porcentagem de pacientes ativos (que retornam regularmente ou estão sendo acompanhados), quantos atendimentos são feitos por dia, em média, e de que tipo; qual é a taxa de expansão da base de pacientes, etc. Inicialmente, portanto, é importante saber como está a organização atual do consultório e como são realizados os procedimentos de geração, armazenamento, recuperação e uso de informações. Uma boa análise indicará quais são os pontos problemáticos no fluxo da informação, e quais são as suas necessidades, presentes e futuras. O próximo passo é determinar o que se pretende fazer com computador. Analise a informação coletada no passo anterior e decida o que deseja informatizar (cadastro de pacientes, prontuários clínicos, pesquisa, agendamento, controle de convênios, etc.). Muitas vezes, é inviável implantar tudo de uma vez; assim, faça uma análise de prioridades. Existem vários setores de atividades do consultório que podem ser informatizados: Setor operacional: controle da agenda, controle da recepção e do fluxo de pacientes na clínica, emissão de laudos, etc.; Setor clínico: cadastramento dos pacientes e seus dados, registro das passagens pela clínica e dados básicos dos exames já realizados; anamnese; prontuário médico, etc.; Setor administrativo: controle de faturamento de convênios médico-hospitalares e pacientes particulares, integração com os sistemas de controle contábil e bancário, contas a pagar e a receber. Faça a você mesmo algumas perguntas cruciais, que serão decisivas no momento da escolha. Exemplos:
|
||
Como Informatizar ?Quando se procura informatizar uma clínica ou consultório, a escolha e aquisição de um computador adequado é uma das fases mais importantes, pois, na maioria das vezes, dela dependerá o grau de sucesso ou fracasso da informatização. É necessário determinar o tipo ou marca, e dimensionar o tamanho do computador ou computadores a serem adotados (em função do número de pacientes ativos, de atendimentos por dia, etc.).Atualmente o baixo custo dos microcomputadores e a grande capacidade dos mesmos, em termos de memória e de velocidade, torna possível realizar a informatização de uma clínica com uma excelente relação custo-benefício. Entretanto, microcomputadores funcionando isoladamente permitem apenas a informatização de atividades singulares dentro da clínica. Por isso é desejável um sistema em rede, no qual todas as informações ficam armazenadas em um único local da clínica (um disco magnético de alta velocidade e grande capacidade), de tal forma que vários microcomputadores podem ter acesso simultâneo e em tempo real às mesmas, quando necessário (por exemplo, os terminais da recepção, da interpretação de exames, da sala do médico, do setor financeiro-administrativo, etc.). Estes sistemas, portanto, recebem o nome de multiusuários, e representam a única solução possível para uma informatização integrada que abrange uma ambiente distribuido e disperso. O mercado brasileiro, embora ainda não tão dinâmico como o dos países desenvolvidos, já oferece um número de softwares de razoável qualidade para a informatização do consultório. Alguns conselhos no momento de escolher o melhor software:
|
||
|
||
O AutorRenato M.E. Sabbatini é diretor do NIB/UNICAMP, professor de Informática Médica da Faculdade de Ciências Médicas e editor das revistas Intermedic e Informática Médica. Email: renato@sabbatini.com |
||
|