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O progresso da ciência depende diretamente da divulgação do conhecimento através das revistas científicas impressas. Mas. à medida que a humanidade evolui, tornam-se cada vez mais sérios os problemas gerados por essa tecnologia obsoleta. Apenas na área médica são adicionados ao conhecimento mundial cerca de um milhão de palavras por hora, publicadas em mais de 6.000 livros novos por mês, e mais de 25.000 revistas e outros tipos de periódicos. A maior biblioteca médica do mundo (a famosa US National Library of Medicine) tem em seu acervo mais de 700.000 livros médicos, e cerca de 20 milhões de artigos impressos. Na sua base de dados bibliográficos MEDLINE existem 14 milhões de artigos, publicados desde 1962, e esse número é aumentado de meio milhão por ano. E o pior é que, segundo o que a própria NLM admite, ela não chega a cobrir 50% de tudo que é publicado em Medicina, mundialmente!
O crescimento explosivo do conhecimento impresso gerou muitos problemas, mas o principal deles é que, se este ritmo continuar, acabaremos todos ignorantes... por excesso de saber. Para o médico, torna-se cada vez mais difícil localizar o conhecimento desejado e manter-se em dia com a evolução do conhecimento, mesmo em áreas extremamente especializadas. E o conhecimento que já possuimos fica obsoleto com uma velocidade espantosa.
Outro problema é o caríssimo custo de impressão e distribuição das revistas e livros. O custo de uma assinatura já está se tornando proibitivo para todos, leitores e bibliotecas, principalmente. Como elas não conseguem mais arcar com os custos, estão ficando cada vez mais incompletas, dificultando enormemente a localização de um artigo que se quer ler. Através do computador (MEDLINE) podemos localizar rapidamente uma série de artigos interessantes, e até ler os seus resumos, mas isso se transforma em amarga frustração, quando queremos ler o artigo completo.
Entra em cena a Internet e a WWW. Subitamente, vários desses problemas podem ser resolvidos a um custo muito baixo. Colocando uma versão eletrônica de uma revista científica em um servidor ligado à rede mundial, ela se torna disponível para qualquer usuário da Internet, esteja onde ele estiver. Para ser publicado, um artigo não precisa aguardar que saia o próximo número (os artigos podem ser colocados de forma contínua na rede, assim que são aprovados), e o problema de espaço não existe mais. Devido a tudo isso e muito mais, as revistas eletrônicas são a nova "doença infecciosa" da Net, se propagando com uma velocidade espantosa. Atualmente, existem mais de 6.000 revistas científicas eletrônicas na rede, e dezenas mais são acrescentadas, todo mês.
Felizmente, com a maior disponibilidade de textos eletrônicos na Internet, a tendência é o médico precisar ir cada vez menos na biblioteca para se manter atualizado. Atualmente, a maior parte das revistas importantes na área médica já está disponível (veja o box com os principais endereços), antes mesmo de sairem impressas. Muitas editoras médicas estão estabelecendo divisões de revistas eletrônicas, mas que, em geral, se limitam a editar na Internet o que já existe em papel (são raras, ainda, as editoras que têm revistas exclusivamente em forma eletrônica). Mas a tendência é irreversível: possivelmente dentro de dois ou três anos, teremos praticamente todas as revistas científicas e tecnológicas disponíveis na WWW. A maioria ainda está começando de forma tímida, colocando apenas o índice dos artigos e os resumos dos mesmos, na Internet, gratuitamente. Se o leitor quiser acessar o artigo completo, com textos e imagens, terá que pagar uma assinatura, que pode ser para a revista toda, ou artigo por artigo.
Como saber quais revistas médicas já estão na Internet? Existem alguns catálogos ("estantes eletrônicas"), na própria rede. Um dos mais completos é o MedWeb Plus, que recomendo. A NLM também tem um catálogo, menos completo e mais seletivo, em seu site.
Muitas das melhores revistas não disponibilizam gratuitamente seu conteúdo completo. Felizmente, no entando, já existem muitas revistas que estão de forma gratuita na Web.
1) Acesso direto a partir do resumo do MEDLINE. A base de dados PubMed da National Library of Medicine (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Literature) já contempla links para os sites de cerca de 2.800 revistas que têm texto completo disponível on-line. Para acessá-las, visualize o resumo (selecione Display Abstract) e clique na opção LinkOut. Se houver texto completo vinculado, aparecerá também o logotipo da revista logo abaixo dos nomes dos autores. Outro serviço que oferece acesso direto é a Annotated MEDLINE, da empresa BioMedNet (http://www.biomednet.com), que vende os artigos individualmente. Ao receber o resultado de uma pesquisa bibliográfica, se houver uma versão on-line do artigo, isso é indicado. Você precisa ter uma conta registrada com a empresa, e o pagamento é feito por cartão de crédito.
2) Localização em bibliotecas digitais. Existem muitas revistas disponíveis na Internet que não estão ligadas diretamente nos resumos da revista. Procure o título da revista em uma biblioteca digital, depois localize o volume, fascículo e artigos. Entre as bibliotecas digitais mais conhecidas estão:
Várias editoras, como William & Wilkins, Elsevier, etc., disponibilizam suas revistas on-line através de serviços pagos. Verifique se a biblioteca da Faculdade de Medicina mais próxima de você contratou esses serviços, pois dessa forma poderá ir até à biblioteca e fazer as consultas gratuitamente. Não é possível fazer de casa, a não ser que você também assine o serviço.
Outro site muito útil é o Free Medical Journals http://www.freemedicaljournals.com (este lista apenas as revistas disponíveis gratuitamente).
3) Solicite uma fotocópia ou arquivo digital do artigo através da Internet. A BIREME (http://www.bireme.br) tem um serviço com preços razoáveis. Você precisa registrar-se e abrir uma conta. Através do site da BIREME pode-se fazer a pesquisa bibliográfica na MEDLINE e em várias outras bases, como a LILACS. O pedido pode ser solicitado on-line, diretamente a partir do resultado de uma pesquisa bibliográfica e existem diversas opções de entrega, inclusive fotocópias. O prazo varia muito, dependendo se o artigo existe na BIREME ou terá que ser buscado no exterior. Existem muitos outros serviços desse tipo, inclusive o próprio PubMed, mas são muito caros. Algumas grandes editoras de revistas médicas também oferecem o serviço, por assinatura ou pagando por artigo. A CAPES, órgão do MEC, também facilita gratuitamente o acesso a bibliotecas eletrônicas extensas, como o PROBE. Entretanto, o acesso só pode ser feito a partir dos computadores de algumas bibliotecas universitárias estaduais e federais.
4) Alguns sites para profissionais médicos e também sites de indústrias farmacêuticas prestam gratuitamente o serviço de localização e envio de cópias de artigos para médicos.
5) Se nada disso funcionar, resta pedir uma separata ao autor (se você souber o endereço dele) ou solicitar através de sua biblioteca (serviço de comutação bibliográfica).
Com relação aos textos impressos, uma maneira de disponibilizá-los é fazer um scanning das páginas, e publicá-los como imagens facsímile na Web. Apesar de ficar um pouco grande, é uma solução factível. De novo, cuidado com o copyright.
O problema é que atualmente não existe ainda uma maneira unificada de se acessar os textos completos de artigos de revistas médicas. Mas tudo caminha nesse sentido.
Saber o que saiu de novo também está ficando cada vez mais fácil, graças às tecnologias da Internet. Diversos serviços de notícias médicas funcionam através do correio eletrônico (email) ou listas de discussão, alertando automaticamente em sua caixa postal eletrônica as novidades do dia ou da semana, inclusive dividindo por especialidade. Um exemplo interessante é o InteliHealth, elaborado pela Harvard University. Os "journal clubs" (discussão semanal de novos artigos), que é uma tradição na atualização médica nos EUA e outros países, também já é uma realidade na Internet. A Sociedade Médica de Boston tem um excelente site, assim como o MedWebLit, outro recurso interessante.
Como Funciona um Serviço Noticioso
Após assinar o serviço na Internet, o assinante recebe diariamente em seu email um breve resumo das notícias médicas do dia, já com o link para o local na WWW onde pode ser achada a notícia completa e a referência bibliográfica.
Usamos como exemplo o InteliHealth, produzido pelo Centro Médico da Universidade Johns Hopkins, de Baltimore, EUA
www.intelihealth.com
O fato é que estamos assistindo a uma revolução tão radical quanto a própria invenção da escrita, 4 mil anos atrás, e a invenção da imprensa, 500 anos atrás. O ritmo se acelera implacavelmente, e idéias diferentes e criativas estão vindo por aí. Quem não se adaptar, terá dificuldades, daí a necessidade de todos os médicos descobrirem a Internet e a utilizarem eficientemente.
Sabbatini, M. e Sabbatini, R.M.E.: Publicações Médicas na Internet. Revista Informática Médica 1(3), 1998.
Procure as publicações eletrônicas sobre Saúde Pública na biblioteca digital SciELO. Localize a publicação Cadernos de Saúde Pública, editada pela Fundação Oswaldo Cruz. Agora faça uma pesquisa nessa revista, utilizando palavras-chave, sobre todos os artigos contendo epidemiologia da dengue. Leia o resumo de um artigo sobre epidemiologia molecular do virus da dengue, em português. Mande para o email do professor a estratégia de busca que você seguiu e a referência completa sobre o artigo. Responda também: quantos dos quatro tipos sorológicos do virus da dengue foram pesquisados neste artigo?
Localize uma revista com textos completos completamente gratuitos na área de doenças infecciosas, em todo o mundo. Mande o resultado para o email do professor, das revistas em português e espanhol, descrevendo sua estratégia de busca e quais as revistas que achou, e seus endereços na Internet.
Nome Resposta:
Liste pelo menos três vantagens e três desvantagens da substituição total das publicações médicas impressas pelas versões eletrônicas? Você acha que isso vai acontecer algum dia? Justifique sua resposta?